1 de Setembro de 1955, uma das datas que tenho sempre na memória! Neste dia, o navio Niassa iniciou a sua viagem inaugural, levando a bordo um tripulante que, aos 33 anos de idade, se estreava como «embarcadiço»! Não seria, propriamente a idade ideal para começar uma vida longe da família. Mas, as dificuldades assim o impuseram. Sendo filho de um padeiro/forneiro, o meu pai começou por trabalhar como aprendiz de padeiro, tendo deixado a escola após o exame do 1.º grau (actual 3.º ano). Mais tarde, aprendeu e exerceu a profissão de funileiro, prestou serviço militar como soldado-maqueiro nos Açores em 1944, durante a II Grande Guerra e, já depois de casado, foi canalizador até ter ingressado na Marinha Mercante como artífice-serralheiro de máquinas. Exceptuando um curto período de menos de seis meses, a sua vida de «embarcadiço» foi feita, sempre, no mesmo navio: o Niassa! Reformou-se em 1977, ao mesmo tempo que o Niassa passou a fazer parte da paisagem do Mar da Palha. Não me recordo se fui à Gare Marítima de Alcântara despedir-me do meu pai naquele 1 de Setembro. Afinal, tinha menos de quatro anos de idade. A primeira viagem, para Angola, demorou um mês. A segunda para o Extremo Oriente foi de seis meses! E foi sempre assim durante a minha infância e adolescência! É a vida...
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