quinta-feira, 3 de junho de 2010

Outras memórias...

Li a interessante entrevista de Ana Cunhal, filha de Álvaro Cunhal à revista Sábado. Quer se goste, quer se odeie a personagem, a verdade é que Álvaro Cunhal – falecido há cinco anos – foi uma figura incontornável dos nossos tempos. A leitura da entrevista fez-me vir à memória o dia em que conheci e cumprimentei Álvaro Cunhal. Foi, aliás, a única vez que o encontrei. Estávamos em 1976. Convidaram-me para fazer parte de uma equipa de apoio a um encontro internacional muito importante, que iria ter lugar na casa de um conceituado homem do Teatro – já falecido, também – muito perto do local onde ainda moro, no centro do Monte Estoril. Já era de noite quando os participantes estrangeiros começaram a chegar, um a um: Luiz Carlos Prestes, secretário-geral do PC Brasileiro, Rodney Arismendi, secretário-geral do PC Uruguaio e Samuel Riquelme, dirigente do PC Chileno. A discrição da reunião tinha uma justificação: todos os três partidos estavam ilegalizados nos seus países! Logo, logo chegou um pequeno automóvel, salvo erro, um Fiat branco, com duas pessoas nos bancos da frente. Eram Álvaro Cunhal e o camarada que o conduzia. Entrou, cumprimentou a equipa um a um, e agradeceu a nossa presença, antes de se dirigir à sala onde estavam os convidados. Dois dos estrangeiros pouco me diziam, mas Luiz Carlos Prestes era uma «lenda», que tão bem foi retratado por Jorge Amado no seu livro «O Cavaleiro da Esperança». O que se passou na reunião, naturalmente, não faço ideia! Mas, sei que não mais esqueci aquela noite. Tinha acabado de conhecer de uma «assentada» o histórico dirigente do PCP, Álvaro Cunhal, bem como Luiz Carlos Prestes e os dois outros dirigentes sul-americanos…

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