sábado, 24 de outubro de 2009

Saramago VERSUS Carreira das Neves

Gostei de ver, ontem, a conversa entre Saramago e Carreira das Neves. A SIC está de parabéns pela iniciativa (às vezes também gosto de apreciar a SIC...). No entanto, aposto que Saramago só lá foi porque o debate era com alguém com o nível daquele religioso, não fanático, muito diferente dos boçais que «batem com a mão no peito» e se abespinharam com esta «polémica». A Bíblia, o Corão e a Tora, na verdade, podem ser interpretados das mais variadas maneiras. Já se sabe que foram escritos noutros tempos. A interpretação depende de quem a faz e do seu objectivo. Ainda hoje, apesar de considerar que o cristianismo actual é mais soft que o judaísmo ou o islâmismo, penso que algumas posições da igreja católica provêm da interpretação da Bíblia na forma que lhes dá jeito, como o casamento dos padres e a ordenação de mulheres. É como os judeus, ou melhor, os israelitas, que acham ser o «povo eleito» com direito a roubar a terra dos outros, só porque a Tora diz que sim. Ou os islâmicos radicais, que têm a guerra como objectivo fundamental, porque está escrito no Corão. Dizia o padre Carreira das Neves que a ciência não pode provar a existência de deus, mas também não prova o contrário. É verdade, ser crente é, antes de mais,um problema de fé na religião. Sim, na religião! Pois qualquer pessoa pode ter fé em variadíssimas outras coisas (na humanidade, na ciência, no clube desportivo, nos governantes, etc.). Ou se tem fé na religião, qualquer que ela seja, ou não. Eu não consigo ter, daí ser ateu! Saramago disse uma coisa que me ficou nos ouvidos: que antes da «criação», não se sabia o que deus tinha feito - supõe-se que nada - e que depois do «sétimo dia», nada mais se viu de jeito. Até é verdade! As guerras, as fomes, as doenças que têm assolado o mundo ao longo dos séculos e que, ainda hoje, perduram, são bem ilustrativas disso. Ou deus deixou de trabalhar definitivamente após a criação do mundo, ou simplesmente, não existe!

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