segunda-feira, 26 de abril de 2010

O 25ABR na assembleia da República...

Assisti pela televisão às comemorações que tiveram lugar na AR. Bom, acaba por ser um pouco «mais-do-mesmo», mas vale a pena arejar o espírito, de modo a que a memória não se vá apagando. Do PEV e do PCP, intervenções dentro da linha habitual, mas importantes para nos fazerem pensar. No mesmo tom, o BE, com um texto muito bem escrito pelo historiador-deputado Fernando Rosas, onde se «jogava» com o centenário da República e o 25 de Abril. Do CDS, naturalmente, as palavras «magoadas» daqueles que acham que o 25 de Abril só os veio atrapalhar, pois estariam agora no Poder, sem ser preciso grandes preocupações com actos eleitorais. Enfim, um CDS demagogo, «amigo-dos-pobrezinhos», quanto baste. Do PSD veio a grande surpresa da sessão, com uma intervenção muito original de Aguiar Branco, com o objectivo claro de «namorar» o PS e provocar o confronto à direita e à esquerda deste. A cara de Paulo Portas quando Aguiar Branco disse que o CDS evitava a palavra «povo» e não queria nada com «cravos», foi hilariante. E a surpresa da esquerda com a citação de Lenine? Mas, o objectivo político estava lá: a tal da revisão constitucional que, obviamente só poderá ser feita com a vontade do PS. João Soares, por parte do PS, teve uma intervenção inicial muito boa, recordando muitos daqueles que, ao longo de décadas lutaram contra o fascismo, incluíndo Álvaro Cunhal. Na segunda parte, porém, caiu um pouco em generalidades. Do presidente da AR, discurso institucional com alguns desejos, isto é, aquilo que os jornalistas chamam de «recados». Finalmente, do Professor Cavaco recordo que se referiu a Salgueiro Maia (são as eleições, senhor...) e que desatou a dar conselhos sobre o que fazer e não fazer, principalmente na região Norte e sobre a orla marítima. Sem «história». Curiosamente, como é costume, os jornalistas fazem as interpretações do discurso do PR conforme lhes agrada ou não a figura e o governo, como se o homem tivesse feito meia dúzia de intervenções diferentes. A AR estava cheia de cravos vermelhos. Como habitualmente, a esquerda usava o cravo, no PSD nem todos e no CDS «cruzes-canhoto». Porém, contariamente ao que Aguiar Branco disse, não foi a esquerda que se «apropriou» do cravo enquanto símbolo. Foi a direita que sempre o repudiou. Como, desta vez, o orador do PSD e o próprio Passos Coelho usaram cravo, pode ser que, finalmente deixem de ter «vergonha»...

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