sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Outras memórias...

Naturalmente, a história de Fernanda Câncio no Diário de Notícias terá vindo a propósito da discussão e aprovação, hoje, na assembleia da república do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ao passar uma «vista de olhos» sobre o PUXAPALAVRA, deparei com um comentário à notícia feita por Raimundo Narciso e avivou-se-me a memória. Tratava-se de uma desavença entre a família de uma pessoa falecida em 2007 - homossexual - e o seu companheiro com quem viveu mais de 30 anos, por este ter colocado uma simples placa com o nome e datas na campa no cemitério de Cascais. Acontece que o falecido TOY foi meu colega de turma na extinta Escola Comercial Ferreira Borges, situada no Alto de Santo Amaro, à Ajuda, aí uns três ou quatro anos. Raramente o encontrava e soube da sua morte por acaso, através de um antigo colega de escola e comboio. O TOY e o Fernando entravam em Cascais, eu no Monte Estoril, a Gena, a Jana e a Ana em S. João do Estoril (o que será feito delas?). O grupo aumentava em Oeiras e assim partilhámos durante algum tempo as alegrias da transição para a adolescência. Desse tempo e, especialmente do TOY tenho três recordações. Primeiro, a determinada altura (aos 14 ou 15 anos), namorámos duas colegas que, não querendo andar sózinhas com os rapazes, nos obrigaram a fazer os passeios a quatro. A segunda recordação prende-se com uma das maiores vergonhas «públicas» que passei quando, no «jardim de inverno» do comboio, quase cheio, perante as insistentes «gozações» do TOY relacionadas com qualquer coisa que eu disse, reagi com uma grande bofetada e parti-lhe os óculos ali à frente de toda a gente. Pedidas as convenientes desculpas, ficámos amigos na mesma. Por último, lembro-me dele falar imenso num espaço que existia em Cascais no qual se tocava jazz que, curiosamente tenho ideia onde ficava, mas não me recordo o nome, e da forma teatral como ele recitava parte do Cântico Negro de José Régio: «Não, não vou por aí! Só vou onde me levam meus passos... e cruzo os braços...».
Pela memória do TOY, que casos com o noticiado não voltem a ser história...

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