Era estranho. Naquele ano de 1973, a única revista que aparecia disponível na messe dos oficiais de Infantaria 16, era de extrema-direita, chamava-se Política e era dirigido pelo «neo-fascista» Jaime Nogueira Pinto! Um dia, oito dos aspirantes almoçavam na mesma mesa. Eram quase sempre os mesmos. A propósito da conversa que estava a ter lugar, um dos aspirantes - ribatejano de gema - contou: «Sabem, lá na minha terra há um médico que costuma dizer que a vida agora está muito boa, pois se até os operários bebem cerveja!». Reacção espontânea do Aspirante, não deixando de comer a sopa: «Esse gajo deve ser da corja do senhor Jaime Nogueira Pinto...». Na cabeceira da mesa, outro aspirante, açoriano de S. Miguel, com um grande sorriso na cara, interpelou o Aspirante: «O que é que tu achas que se devia fazer ao Jaime Nogueira Pinto e aos seus amigos?». Resposta imediata do Aspirante, continuando a ingerir a sopa: «No mínimo, era comê-los vivos...». Alguns sorrisos e comentários e o almoço prosseguiu. No final, o açoriano, chamando à parte o Aspirante, disse-lhe: «Não reparaste que F....., quando disseste aquilo, ia engolindo a colher da sopa?» Sem perceber, o Aspirante respondeu que não e perguntou ao outro qual era o problema. Diz-lhe o micaelense a rir: «Tem cuidado. É que ele escreve na 'Política'. Como é que achas que aparecem cá estas revistas todas?».
* Esta memória foi-me avivada pelo episódio da deputada do PSD que chamou «palhaço» ao deputado do PS. Por seria?
domingo, 13 de dezembro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário