sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Bem conduzida ou mal conduzida?
O tema gera sempre polémica e quem tem ideias feitas - de um lado ou de outro - dificilmente abdica delas. De vez em quando lá surge mais uma novidade sobre a descolonização. Desta feita é um livro da jornalista Leonor Figueiredo, no qual dá conta de coisas menos próprias que, segundo a autora, se passaram. Ao passar pela TVI, consegui «apanhar» uma frase em que a entrevistada criticava alguém que teria dito que, afinal a descolonização não teria sido assim tão má. E será que foi? Bom, poderia ter sido muito melhor se tivesse sido feita, pelo menos, 15 anos antes. Um país que vive uma revolução interna e, mesmo assim, consegue integrar quase um milhão de pessoas entre refugiados e retornados à sua terra natal, apesar de todas as vissicitudes, dramas, desesperos e lamentos, fez o que foi possível fazer nas circunstâncias objectivas do momento. Tenho toda a simpatia para com as pessoas que viram a sua vida desorganizada, perderam familiares e bens, tiveram de começar de novo, muitas vezes a partir do zero. Tenho, na verdade, como tenho por todas as pessoas que, independentemente das circunstâncias passaram pelo mesmo. Mas, custa-me que nestas obras se esqueçam, quase sempre, os milhares e milhares de portugueses que durante catorze anos foram obrigados a sair da sua terra, a interromper os seus estudos ou o emprego, a deixar pais, esposas e filhos. Sem falar dos que não voltaram pelo seu próprio pé ou que regressaram incapacitados. Vamos ser justos, os dramas vividos por quem teve de regressar de África foram reais e lamentáveis, mas não foram só eles que perderam com a teimosia de querer manter o Império para além do que seria, historicamente razoável. Todo o país perdeu. E quando, finalmente o país acordou, já era tarde para que o processo fosse diferente do que foi.
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