Comemorava-se o Dia da Infantaria. Na região militar sul, o evento ia ter um grande desfile militar na Cidade de Évora. Poucos dias antes, os aspirantes a oficial miliciano (milicianos eram os oficiais e sargentos que estavam a cumprir o serviço militar obrigatório) foram surpreendidos com uma directiva que os impedia de ir à Messe de Oficiais naquele dia, pois, havia uma recepção aos ilustres convidados oficiais, antes do almoço, e como o espaço era «pequeno» só lá podiam estar os oficiais do quadro permanente e, dos milicianos, só os tenentes que iam comandar as companhias dos dois batalhões que se estavam a formar: um para Angola, outro para a Guiné. Revolta geral! Não é que os aspirantes tivessem muito interesse em «conviver» com o general, o bispo ou o chefe da pide. Mas, na espontaneidade dos seus vinte e tal anos, consideraram uma afronta tal discriminação. Combinaram, então: se não há lugar na recepção, não vamos ao almoço... Contaram, imediatamente com a solidariedade dos tenentes milicianos. No dia 14 de Agosto de 1973, após o desfile militar em que participaram, os oficiais milicianos - pouco mais de trinta homens - sorrateiramente foram aos quartos desfardar-se, vestiram fato de banho e roupa civil e, um a um, sairam do quartel de Infantaria 16 com destino às Piscinas de Évora, onde almoçaram e conviveram. Para além dos oficiais do quadro permanente, ao almoço comemorativo só compareceram o tenente miliciano que estava de oficial-de-dia e o aspirante miliciano que estava de oficial-de-prevenção. Então e o resto dos oficiais? perguntava o general ao coronel comandante do regimento. foram à terra, sabe meu general, são todos de longe e não tarda nada estão a embarcar...
Em resultado desta «insubordinação», os oficiais milicianos levaram uma valente «rabecada» do comandante e andaram quinze dias a comer e a pagar os restos do banquete. Pior não valia a pena fazer-lhes. Embarcaram em Outubro para a guerra colonial.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
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