segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Triste fim-de-semana...
Este foi um fim-de-semana ensombrado pela morte de Raul Solnado. E quando se está a tentar «digerir» o falecimento de um familiar próximo, o desaparecimento de pessoas, mesmo que só as conheçamos por serem figuras públicas, torna-se, ainda, mais pesado. Sem dúvida que Raul Solnado era (é) alguém que marcou várias gerações e que vai ser sempre recordado. Lembro-me de ter assistido ao vivo a um dos programas Zip-Zip. Um dos entrevistados era um prestamista. Naquele tempo as casas de penhores eram instituições que tinham maior visibilidade do que têm hoje, o que não significa que o negócio do empréstimo de dinheiro em troca de objectos tenha acabado. O entrevistado acabou por ouvir apupos e assobios, pois pediram-lhe para avaliar diversos objectos e compararam, imediatamente com as avaliações feitas na loja uns dias antes. O homem, se pudesse, tinha-se sumido pelo «palco abaixo». Outro dos momentos mais antigos da carreira de Raul Solnado que recordo é a rábula do «bombeiro voluntário». Curiosamente, Raul Solnado começou a fazer teatro na Sociedade Guilherme Cossoul. Ora, este cidadão francês foi um dos fundadores da primeira associação humanitária de bombeiros criada em Portugal. Dizem as crónicas que, a 18 de Setembro de 1868, numa reunião de amigos em que participava Guilherme Cossoul, foi decidido dar corpo a uma associação de bombeiros voluntários. O Maestro foi não só fundador, mas também o primeiro comandante da Associação de Bombeiros Voluntários de Lisboa, a mais antiga do País, hoje sedeada no Largo Barão Quintela, ao Camões. Chegou mesmo a receber do então Chefe de Estado, D. Luís, o título de «capitão-chefe dos bombeiros da Freguesia dos Mártires». Há quem diga que a tal reunião de amigos, na fármacia dos irmãos Azevedo, era um encontro da Loja Maçónica «Humanidade» e que a frase usada durante anos e anos pelos bombeiros no final dos ofícios - «A Bem da Humanidade» - tinha um duplo sentido: um humanístico de «bem fazer» sem olhar a quem e outro de referência à origem do grupo fundador da primeira associação de bombeiros.
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