terça-feira, 25 de agosto de 2009

Memórias da tropa (5): Bom dia, meu alferes...


Por questões de segurança, nas operações não era permitido que os oficiais, os sargentos e os cabos levassem os galões e as divisas nas fardas camufladas. Dizia-se que os guerrilheiros poderiam, em primeiro lugar, tentar atingir os graduados logo que os identificassem. Aliás, contava-se que procuravam, também, apontar aos portadores de óculos, pois, quem os usasse seria porque tinha a «vista cansada», logo tinham estudado, portanto eram graduados... Assim, quem observasse um grupo de combate não deveria distinguir o posto de cada um dos homens, que vestiam de igual e utilizavam todos a mesma arma pessoal, a G3.

Naquele dia, o Pelotão regressava de um patrulhamento apeado de três dias. A pouco mais de dez quilómetros do Colonato/Quartel, seguiam pela picada em «bicha de pirilau», mantendo uma distância de três a quatro metros entre cada homem. O Alferes era o quinto. Subitamente, encontraram um grupo de homens e mulheres a trabalhar numa lavra (terra lavrada e semeada). Ao avistarem os militares, os camponeses pararam o trabalho, como de costume. Mais perto da picada estava um homem mais velho. Parou, tirou o chapéu da cabeça e começou a cumprimentar os militares um a um, conforme iam passando por ele: bom dia... bom dia... bom dia... bom dia... bom dia, meu alferes... .....................

1 comentário:

  1. O livro, o livro... há que pensar no assunto.
    Aquela guerra vista por alguém que foi mais um militar e que,já naquele tempo, usava a cabeça para pensar, sabe falar e escreve bem, em tom coloquial como eu gosto.

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